Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2018

Sou homem, sou educador, isso não faz de mim um mau profissional!

Imagem
Em tempo de mudança de nova escola, de novas crianças, de novo bairro, as adaptações são bastantes. Apesar de saber que continuo a ser eu, a ser educador, a ser profissional, as reações não deixam de se fazer sentir. Sou homem. Sou educador. Afinal, é possível ou não, mesmo enquanto homem, ser um bom educador? Será que a sociedade está desperta e sensibilizada para esta temática: igualdade de género na educação? Ao longo do tempo vão existindo lutas pela emancipação da mulher, na defesa de direitos, na ansiedade de existir igualdade para todos, na participação de forma igualitária nos serviços públicos, privados e na sociedade, em geral. No entanto, as profissões assumem, socialmente, e continuam a assumir, géneros. Ou seja, associam-se as mesmas a géneros, e assim, constroem-se barreiras em torno da expressão "igualdade de género". Criam-se preconceitos e conceitos, tudo em prol de uma cultura que tem vindo a sofrer modificações. A profissão de educador de infâ

O importante não são os dossiers (...) cheios de atividades, mas os filhos cheios de experiências

Imagem
Quantas mudanças estamos dispostos a fazer nas nossas vidas profissionais para sermos realmente felizes no que fazemos? Quantas mudanças conseguiremos fazer para tornar o dia de quem temos a nosso cargo, num dia feliz e com sentido? Que mudanças estarão inerentes às nossas práticas que valorizem o sentido do brincar e o sentido de ser criança? Que mudanças precisamos de ter para sermos educadores que, como dizemos: ouvimos as crianças? Será que ouvimos mesmo? Os educadores tornam-se seres que vivem e agem de acordo com perspetivas, de acordo com ideologias, pedagogias, ideias e ideais... Vivemos segundo: o diz que disse, de acordo com não procurar a fundo as razões pelas quais agimos. Estabelecemos metas que nem sempre refletem as crianças que temos a nosso cargo. Estabelecemos planos que não visam a realidade, e, ao invés de planificarmos de forma consciente, planeamos de modo um modo cómodo e pouco coerente. Falemos em mudança e na nossa capacidade de olharmos para a mudança. O com

Somos verdadeiros polvos, cheios de tentáculos, que tocam todos os que se aproximam

Imagem
Após o início do ano letivo, poderemos dizer que atravessamos as semanas mais intensas.  Choros constantes, birras frequentes, ouvem-se, vezes sem conta, as palavras mãe, pai, acompanhadas de lágrimas que correm sem parar.  Apesar de se distraírem a brincar, uma vez ou outra, recorrem às pernas dos adultos na ânsia de que estes os abracem e os acalmem.  Os pedidos são tantos, que nos sentimos verdadeiros polvos, cheios de tentáculos, que tocam todos os que se aproximam. E com isto, basta tocar com a ponta do dedo e fazemo-nos sentir presentes, transmitindo conforto e tranquilidade.  Os polvos, apenas com dois tentáculos, criam uma muralha de crianças à sua volta, onde afinal, parece que eles é que estão protegidos, parece que eles é que precisam de atenção.... Mas não... fazemo-nos presentes, apenas com um simples toque. E, para acalmar, isso basta.  Nestas semanas, os abraços que se criaram foram imensos, impossíveis de serem contabilizados: abraços fortes, abra

"Vou para a sala, porque os meus miúdos já estão cansados da rua e precisam de fazer atividades"

Imagem
Três semanas já passaram e, como o tempo tem permitido, a rua tem sido o melhor sítio para estar, explorar, correr, trepar, desenvolver relações e para adaptar. O espaço exterior continua a representar uma infinidade de oportunidades que não são possíveis de explorar em sala. Correm, em grupos, divertidos pelo recreio. Balançam-se, em par, nos brinquedos com esse propósito. Passeiam-se, sozinhos, nos triciclos puxados com a sua força e empenho, a diferentes velocidades. O sol brilha e as cabeças estão protegidas pelo chapéu azul. Mas as brincadeiras continuam a acontecer. Espalhados pelo espaço, vamos sendo solicitados para brincar e entrar nas brincadeiras. Deito-me no chão e, depressa, desapareço no meio de pernas, braços, cabeças, 5 ou 6 miúdos, divertem-se comigo, a puxar-me os braços, a puxar-me as pernas, a cavalgar, a fazer tudo o que lhes for permitido. Levanto-me e utilizo a bola para jogar, de facto, futebol não é a minha praia, mas fazem com que eu s

Como posso incentivá-lo, quando me diz que a escola é uma seca?

Imagem
Hoje, em conversa com uma amiga, uma mãe preocupada com o início da escola, falava-me de como tinha sido o ano anterior do filho e das dificuldades que tinha sentido e ainda sentia. Pela conversa, fomos entrando sala de 1º ciclo dentro, e a nossa imaginação, começava a viajar no tempo, comparando com o nosso tempo: existia brincadeira, com os recreios em terra batida, chão solto, montes de areia, árvores para trepar, pedras para atirar e tudo o que nos permitia ter boas experiências, que nos faziam ir para casa sujos, de   calças rotas, arranhados, feridos e com marcas para a vida… Marcas positivas, entenda-se!  Continuamos a conversa, e a preocupação segue no sentido dos tempos demasiado preenchidos, nos tempos que não permitem que brinquem, nos tempos que não os permitem ser crianças. Falávamos na organização do currículo, da necessidade de concluir o programa a todo o custo, deixando, tantas vezes, de parte o interesse das crianças, a vontade de aprender, e a necessid

O chão que pisamos é o chão onde brincamos.

Imagem
O chão que pisamos é o chão onde brincamos.  Diariamente, entramos na sala e mantemo-nos a observar, do nosso andar de cima, os pisos que se encontram lá em baixo, aqueles que são frequentados pelos mais pequenos e que estão muitas vezes inacessíveis, pela nossa incapacidade de descermos a patamares iguais aos que eles frequentam.  Falamos de descer ao nível dos miúdos.  Em creche, pendurados nos tectos continuam bonecos, tecidos, árvores, e tudo aquilo de que nos lembramos. No entanto, estão tão altos que nem os adultos lhes conseguem chegar. Ou por vezes, estão dispostos de forma a que sejam os adultos a tocar, a brincar, ou simplesmente a jogar ao desvia-tedosobstáculos.  É um jogo divertido, que implica a movimentação  entre eles, sem que acertem em cheio na cabeça.,   Mas... A intenção não era criar algo que potencie as brincadeiras dos mais pequenos?  Sim, era... Era mesmo isso... Criar algo com que os miúdos se possam divertir... Possam brincar... Mas sem estragar! 

Primeiro dia de adaptação dos filhos, mas não esqueçamos, (...) dia de adaptação dos pais.

Imagem
O ano começou. A ansiedade dos pais é notória. A euforia das crianças enche os corredores, outrora vazios, de risos, de choros, e por vezes, de gritos. Uns correm, apressadamente, para o colo de quem os cuida na escola, outros agarram-se de tal forma, que parece que se colaram aos pais com a melhor cola existente no mercado. Aos poucos adaptam-se a uma nova rotina, conhecem as caras novas da sala e são acolhidos da melhor forma pelos colegas e adultos. Aqueles que vêm pela primeira vez, entram a medo, afinal ficarão com alguém que desconhecem, ficarão com alguém que se entregará sem medida, de modo a que o dia, a semana, o mês e até o ano,  corra da melhor forma possível. Os cuidados são maiores, tudo em prol do bem-estar de cada um.  O momento em que os pais se afastam e, de forma esforçada, fazem a criança passar para o nosso colo, torna-se penoso, às vezes doloroso, para todos. Mas esta separação, que é tão importante, deve ser baseada no afeto, na confiança, na val

Cumprimentos do futuro educador do seu filho que, ainda, não conhece

Imagem
Querida mãe do meu futuro aluno, O ano está a começar, como tal, a ansiedade de muitos pais começa a aumentar. Começa-se a pensar em como agir no primeiro dia e em como se deixarão esses tesouros, sem que fiquem a chorar. Mas dou-lhe um conselho: confiança! Estar segura do que está a fazer e mostrar ao seu tesouro que tudo está bem! Bem sei que são meras palavras e que, escrever palavras é diferente de ter ações, mas confie em nós! Mesmo sabendo que teremos mais crianças, que todos serão tratados de modo a promover o bem-estar de cada um, não deixaremos de valorizar a individualidade, as necessidades que cada um apresenta, a forma como os deveremos acalmar… Mesmo estando mais do que uma criança a nosso cargo, teremos o cuidado, para que o seu tesouro se sinta bem. Teremos o cuidado de o confortar, quando uma lágrima perdida correr pela face. Teremos o cuidado de o abraçar e, se necessitar, de lhe dar a chucha   e a sua “naninha”. Fique tranquila, ou tente. Ao ler