Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2018

Deixem-me, por favor, ser o educador que acredito ser

Imagem
O ano começa a aproximar-se do fim.  Olho para trás e começo a fazer uma pequena avaliação do que foi o ano; daquilo que defini para os pequenos; daquilo que em conjunto fomos descobrindo; de todos os interesses que demonstraram, e se consegui, ou não, corresponder com as expectativas dos mais pequenos.  É também um bom momento, para ter a capacidade de fazer uma reflexão acerca daquilo em que falhei,...  Olho para trás e vejo que acima de tudo, acima de todos os interesses, permiti que fossem felizes. Esforçadamente, foram sendo estabelecidos desafios que os levaram a brincar, a explorar de forma criativa e sincera. Exploraram o que é brincar e o que é ser criança.  Nós, educadores, valorizamos, nesta fase do ano, principalmente, se os objetivos foram atingidos. Mas eu, valorizo, acima de tudo o pensamento: terei criado momentos em que lhes desse oportunidade de crescer? Terei criado momentos em que permitisse que brincassem e explorassem de forma livre? Terei eu sido

Venham de lá os arraiais, a costura e os dedais!

Imagem
Chegamos ao final do ano, por isso,  que venham lá os arraiais, a costura e os dedais. É de forma empenhada que se começam a organizar as festas de final de ano, planeia-se tudo cheio de brilho e cor.  Pensa-se em todo o pormenor. Marcam-se tardes e noites de costura, para que os mais pequenos e os graúdos, possam vestir as mais belas roupas alguma vez costuradas. Embelezam-se os espaços, e escolhem-se as canções que darão ritmo às marchas, que de forma orgulhosa os adultos representam.... Os adultos... E as crianças... Que de forma empenhada, ensaiaram dias seguidos a fio, sem fazer mais nada, além de ouvir a mesma música 1500 vezes. Marcam-se os sítios, marcam-se os espaços,... Ensaia-se de manhã, de tarde, e se for possível, ainda depois do lanche. E no dia seguinte, ensaia-se logo de manhã, a seguir ao almoço, e depois do lanche... E depois de estarmos a ensaiar as 1501 vezes, vemos os pequenos fartos de mostrar que sabem aquilo que os adultos querem, mas como houve um peq

Se ser educador é isto.... Então vou fazer as malas e abandono, agora, a profissão.

Imagem
Chego a casa, cansado, das burocracias que nos ocupam, dos papéis que temos para preencher, das "picuinhices" que tantos pais têm ao longo do dia. Quando alguém está doente, insistimos, o quanto importante seria que se mantivessem em casa para recuperar... são miúdos que precisam de atenção, de recuperação. Se entendemos isso quando estamos doentes, porque não entendemos quando os mais pequenos estão? Mas cansa... cansa a forma como alertamos os pais para o bem-estar dos próprios filhos, porque no fundo, não é a nós que incomodam, não é a nós que prejudicam, mas aos próprios filhos. Mas, se isto é ser educador, então faço as malas e mudo de profissão. Diariamente, sou confrontado com uma pilha de papéis relativos a cada criança, com preocupações que, bem espremidas, em nada têm a beneficiar os mais pequenos, beneficia, apenas, quem está sentado acima de nós, porque serão apenas documentos obrigatórios, certo que da nossa competência a preencher,

A creche e o jardim de infância não são, apenas, as quatro paredes

Imagem
A chuva parou.  O sol voltou a brilhar, ainda que, um pouco envergonhado.  Como prometido, voltamos a ir nos nossos carros e fomos até aonde as pernas dos mais pequenos não permitem.  Continuamos a explorar cada canto, cantos que nunca frequentamos enquanto escola.  À medida que vamos passeando, reconhecemos quem já nos viu, apenas,  pelos comentários que vão fazendo: "olha, lá vão eles outra vez".  No entanto, há sempre alguém que nunca nos viu passar e, assim, os novos comentários começam a surgir: "Que giro!", "Assim, não se cansam", "Que boa ideia, assim, saem da escola".  Apesar de ser "só" mais um passeio, planeado com o intuito de alargar as oportunidades, estes passeios surgem como um "abanão" de mentalidades. Mostramos que é possível, sim, sair à rua com crianças tão pequenas, e que mais importante do que alertar para aquilo que veem, é poder verificar a satisfação com que o fazem, a atenção que revelam,

Somos mais do que sites de partilha com receitas prontas a consumir

Imagem
Somos educadores. Somos profissionais de educação e gostamos da profissão que desenvolvemos: criamos relações de afeto com as crianças que temos e estabelecemos metas de acordo com o interesse de cada uma, ou deveríamos. Este facto é baseado no conhecimento cuidado de cada criança que, diariamente, vamos conhecendo e fortalecendo, de modo a que consigamos olhar para cada uma delas e sejamos eficazes na forma de atuação, de modo a que atinjam mais facilmente o que necessitam.  Somos educadores, profissionais que se entregam  com paixão naquilo que fazem diariamente: ao mudar a fralda, ao ajudar no almoço, ao motivar para ir à casa de banho, ao amparar quando parece que vão cair, ao secar as lágrimas quando choram, ao alertar para comportamentos agressivos, ... porque tudo isto faz parte da nossa profissão.  É a profissão que escolhemos e que tentamos levar a bom porto, valorizando tudo o que fazemos, tentando justificar ao máximo o que vamos realizando diariamente, semanalmente,