Primeiro dia de adaptação dos filhos, mas não esqueçamos, (...) dia de adaptação dos pais.
O ano começou.
A ansiedade dos pais é notória.
A euforia das crianças enche os corredores, outrora vazios, de risos, de choros, e por vezes, de gritos.
Uns correm, apressadamente, para o colo de quem os cuida na escola, outros agarram-se de tal forma, que parece que se colaram aos pais com a melhor cola existente no mercado.
Aos poucos adaptam-se a uma nova rotina, conhecem as caras novas da sala e são acolhidos da melhor forma pelos colegas e adultos.
Aqueles que vêm pela primeira vez, entram a medo, afinal ficarão com alguém que desconhecem, ficarão com alguém que se entregará sem medida, de modo a que o dia, a semana, o mês e até o ano, corra da melhor forma possível. Os cuidados são maiores, tudo em prol do bem-estar de cada um.
O momento em que os pais se afastam e, de forma esforçada, fazem a criança passar para o nosso colo, torna-se penoso, às vezes doloroso, para todos.
Mas esta separação, que é tão importante, deve ser baseada no afeto, na confiança, na valorização deste momento. Deve ser um tempo, organizado, planeado pelo educador e pelos pais, de forma a que todos o sintam de um modo harmonioso. Deve ser planeado, conversado.
Apressadamente, os pais voltam-se e caminham em direção contrária, de coração apertado, de óculos escuros, na esperança de que sejam suficientemente escuros para esconder as lágrimas que saem.
Os educadores e auxiliares confortam da melhor forma possível. Assim, farão de tudo para que aquele momento seja coberto de afetividade, seja repleto de confiança e assim, iniciem, juntos, o processo de adaptação, o processo de relação e de companheirismo.
O choro que era intenso e que vai agora acalmando aos poucos, embalado pela chucha, pela fralda, e por alguns brinquedos que tentaram trazer de casa e que abraçam de forma intensa. É isso que os faz lembrar o seu conforto, a sua casa, os seus pais.
Aos poucos o soluçar acalma, a respiração fica mais tranquila e os braços que os abraçavam, começam a folgar, o chão é agora um espaço de aventura. Todos os cantos são explorados sob o olhar atento dos adultos.
O choro que parecia não ter fim começa a abrandar. Os olhos tristes dão lugar a olhos serenos, o soluçar dá lugar a uma respiração calma e tranquila. As mãos que estavam ocupadas com as chuchas, fraldas e brinquedos de casa, começam a explorar cada brinquedo da sala, mas mesmo assim, há uma mão que procura, de forma constante, a mão do adulto... Fá-lo apenas com o intuito de sentir a presença de quem o torna seguro e confiante para ultrapassar este momento.
A meio da manhã, surge o primeiro telefonema, apenas para saber como corre o dia. De forma tranquila, acalmam-se os pais, que ouvem tudo o que podem do outro lado. Mas, de forma serena e tranquila, ouve-se: “o seu filho está bem, e você também está?”
Ninguém tomará o lugar dos pais, ninguém será omitido de responsabilidades, simplesmente, se iniciou o processo de adaptação, processo esse que pretende um caminhar lado a lado, tranquilo... Processo esse que envolve a adaptação das crianças. Mas também é importante não esquecer, envolve a adaptação dos pais.
Num momento ou outro, voltam a chorar., acompanhados das palavras mãe... pai...
Está na hora de dar um novo abraço.
Ao final deste dia, seja ele mais curto, ou mais longo, apesar dos choros, relembram-se os sorrisos que existiram, as brincadeiras que foram tentando, a capacidade de estarem afastados dos pais, mas acima de tudo, relembra-se o início desta relação de amizade e de companheirismo que a adaptação faz acontecer. Hoje, foi o primeiro dia e essa amizade já nasceu...
Hoje foi o primeiro dia de adaptação dos filhos, mas não esqueçamos: também foi dia de adaptação dos pais.
#umacaixacheiadenada
Rui Inácio
A ansiedade dos pais é notória.
A euforia das crianças enche os corredores, outrora vazios, de risos, de choros, e por vezes, de gritos.
Uns correm, apressadamente, para o colo de quem os cuida na escola, outros agarram-se de tal forma, que parece que se colaram aos pais com a melhor cola existente no mercado.
Aos poucos adaptam-se a uma nova rotina, conhecem as caras novas da sala e são acolhidos da melhor forma pelos colegas e adultos.
Aqueles que vêm pela primeira vez, entram a medo, afinal ficarão com alguém que desconhecem, ficarão com alguém que se entregará sem medida, de modo a que o dia, a semana, o mês e até o ano, corra da melhor forma possível. Os cuidados são maiores, tudo em prol do bem-estar de cada um.
O momento em que os pais se afastam e, de forma esforçada, fazem a criança passar para o nosso colo, torna-se penoso, às vezes doloroso, para todos.
Mas esta separação, que é tão importante, deve ser baseada no afeto, na confiança, na valorização deste momento. Deve ser um tempo, organizado, planeado pelo educador e pelos pais, de forma a que todos o sintam de um modo harmonioso. Deve ser planeado, conversado.
Apressadamente, os pais voltam-se e caminham em direção contrária, de coração apertado, de óculos escuros, na esperança de que sejam suficientemente escuros para esconder as lágrimas que saem.
Os educadores e auxiliares confortam da melhor forma possível. Assim, farão de tudo para que aquele momento seja coberto de afetividade, seja repleto de confiança e assim, iniciem, juntos, o processo de adaptação, o processo de relação e de companheirismo.
O choro que era intenso e que vai agora acalmando aos poucos, embalado pela chucha, pela fralda, e por alguns brinquedos que tentaram trazer de casa e que abraçam de forma intensa. É isso que os faz lembrar o seu conforto, a sua casa, os seus pais.
Aos poucos o soluçar acalma, a respiração fica mais tranquila e os braços que os abraçavam, começam a folgar, o chão é agora um espaço de aventura. Todos os cantos são explorados sob o olhar atento dos adultos.
O choro que parecia não ter fim começa a abrandar. Os olhos tristes dão lugar a olhos serenos, o soluçar dá lugar a uma respiração calma e tranquila. As mãos que estavam ocupadas com as chuchas, fraldas e brinquedos de casa, começam a explorar cada brinquedo da sala, mas mesmo assim, há uma mão que procura, de forma constante, a mão do adulto... Fá-lo apenas com o intuito de sentir a presença de quem o torna seguro e confiante para ultrapassar este momento.
A meio da manhã, surge o primeiro telefonema, apenas para saber como corre o dia. De forma tranquila, acalmam-se os pais, que ouvem tudo o que podem do outro lado. Mas, de forma serena e tranquila, ouve-se: “o seu filho está bem, e você também está?”
Ninguém tomará o lugar dos pais, ninguém será omitido de responsabilidades, simplesmente, se iniciou o processo de adaptação, processo esse que pretende um caminhar lado a lado, tranquilo... Processo esse que envolve a adaptação das crianças. Mas também é importante não esquecer, envolve a adaptação dos pais.
Num momento ou outro, voltam a chorar., acompanhados das palavras mãe... pai...
Está na hora de dar um novo abraço.
Ao final deste dia, seja ele mais curto, ou mais longo, apesar dos choros, relembram-se os sorrisos que existiram, as brincadeiras que foram tentando, a capacidade de estarem afastados dos pais, mas acima de tudo, relembra-se o início desta relação de amizade e de companheirismo que a adaptação faz acontecer. Hoje, foi o primeiro dia e essa amizade já nasceu...
Hoje foi o primeiro dia de adaptação dos filhos, mas não esqueçamos: também foi dia de adaptação dos pais.
#umacaixacheiadenada
Rui Inácio
Se gostou, poderá gostar de ler, Carta aos pais das crianças que tive, que tenho e que terei
Muito Bom!!!
ResponderEliminarMaravilhoso... É o recordar da nossa experiência em cada frase!
ResponderEliminarObrigado Elisabete pelas suas palavra!
EliminarSou educadora e tia e hoje sou eu quem está com o coração destroçado apesar de saber tão bem como tudo funciona e como eles ficam bem. Bem haja
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário! desejo um bom ano, cheio de partilhas e de reflexões e que consiga acalmar o seu coração agitado com o que observa dos seus sobrinhos, será, certamente, um excelente amparo para o retorno à calma e segurança dos pequenos! :) Muito Obrigado!
EliminarMaravilhoso. Mais um texto maravilhoso. Parabéns.
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