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A mostrar mensagens de março, 2019

Os pés calçados e suados suspiravam pela liberdade, e assim foi.

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A relva estava tão verde que brilhava ao sol.  Os pés calçados e suados suspiravam pela liberdade, e assim foi...  “ Querem fazer uma experiência? Tirem os sapatos, tirem as meias, podem andar descalços na relva.”  O olhar espantado e o sentimento de fazerem algo que poderá ser proibido, levou-os a hesitar. Sentados no pequeno muro, olham atentamente à espera de novas indicações...  “Descalcem-se e sintam a relva, o chão...” “Não posso tirar os sapatos, a mãe não deixa”  Diz um deles a justificar essa resistência. Após o encorajamento para andarem descalços, o choro surge com o receio de sentir a relva nos pés. O choro surge como resistência ao toque da relva, da terra, aos bichos minúsculos que por ali se passeiam.  Olham para a terra, para a relva, como algo que nunca sentiram, como algo em que nunca tocaram. E, apesar de estarem todos os dias naquele arvoredo, receiam em lhe tocar, receiam em senti-lo.  Quão protegidos se tornaram, se por tocarem a relva

Havia lama no parque e, sem ninguém ver, estiveram a brincar!

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O sol tem brilhado.  O parque tem-se enchido de cor com a versatilidade das roupas de cada um, sem batas iguais, sem quadrados, sem cores associadas a géneros. Enchem cada canto de movimento e de uma agitação que os caracteriza.  Todos os espaços tornam-se capazes para brincar, para explorar, para desenvolver a mais mirabolante brincadeira.  Escondidos, atrás de árvores, constroem túneis, casas, cozinhas secretas, e fazem as suas novelas românticas, as suas representações, sem que os adultos intervenham e terminem de uma vez com todo o momento criativo.  Vigiados, de perto, mas distantes do imaginário daqueles pequenos criativos, os adultos observam os passos dados, as brincadeiras que desenvolvem, as relações e as linguagens que vão tendo. E, ao seu olhar, valorizam cada uma delas, mesmo sem entender o esforço que fazem, mesmo sem reconhecer a potencialidade deste espaço fantástico a que os privamos o ano inteiro.  Toda a gente reconhece, claro, que o espaço ext

Não é uma questão de medicação, mas sim, de educação!

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O dia começa agitado, aliás, todos os dias começam agitados. Mas é uma agitação normal de crianças. De um lado para o outro, deixam as mochilas penduradas nos cabides e entram na sala com energia que parece nunca terminar. Cumprimentam-se, abraçam-se, abraçam-nos. Uma agitação e vivacidade saudável, reflexo de boa disposição, reflexo do que é ser criança. Os comportamentos agitados tornam-se desafiantes, seria tão mais fácil se, ao chegarem à sala, se sentassem sem que fosse necessário dizê-lo, ou sem ter de os alertar para os comportamentos agitados que trazem com eles. Brincam por toda a sala, na rua, onde é possível, mas brincam, maioritariamente, na rua, e como se costuma dizer, correm, sobem, descem, trepam, saltam, deitam-se, mas a energia parece não terminar. Ao longo do dia, desafiam-nos, testam-nos até ao limite, apenas para conseguir aquilo que desejam. Conversas e mais conversas tentam mostrar que existem comportamentos que devem ser moderados, fala-se

Somos (professores) heróis... heróis esquecidos!

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A educação vai pelo caminho que toda a gente sabe.  A educação é, como toda a gente sabe, desvalorizada, pouco reconhecida, mal paga, com apoios mínimos.  A educação está esquecida, assim como os professores que continuam, diariamente, a lutar pelo bom nome da educação em Portugal.   Milhares de partilhas vão acontecendo todos os dias nas redes sociais, com piadas, com cartoons , todas elas destinadas à desvalorização da profissão,  veem-se milhares de comentários que mandam abaixo uma nobre profissão, ser professor.  Com as crianças, o nome dos pais é tantas vezes substituído pelo dos professores. Aos fins de semana, chamam, enganados, pelos professores ao invés dos país, e isso é bom sinal.  É uma profissão de afeto e de relação, uma profissão que exige respeito e vive do respeito.  Ser professor é, e sempre será, uma profissão que inicia um processo incrível de conhecimento, de alfabetização, de descobertas, de relações alargadas.  Em crianças o sentimento p

Nunca digam não aos vossos filhos, eles poderão ficar traumatizados!

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E hoje, já cumpriu as ordens que lhe foram confiadas?  Diariamente, nas salas, na rua, nos supermercados, em qualquer contexto, vemos, ouvimos e presenciamos birras constantes, situações de chantagem de filhos para com os pais, para com os auxiliares, para com os educadores, para com os professores, para com quem quer que seja. As ordens dadas são soberanas. Nestas situações há palavras impossíveis de se dizer, impossíveis de os fazer aprender a vivê-las. A razão e a vontade é deles, somente de uma parte, é das crianças.  Nos supermercados, envergonhados, os pais não ralham e não batem em situações de birra. Os decibéis dos filhos aumentam de forma exponencial, de tal modo, que todo o mundo para em torno daquele espetáculo. Para atenuar a situação e por estarem constrangidos com todos os espectadores, cedem aos pedidos, às exigências ou até mesmo às chantagens. "Será só desta vez, porque está tudo a olhar para nós". A verdade é que, dia após dia, tudo se repete

É importante que ouçam as crianças e ouvirmo-nos uns aos outros

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A luta diária por manter a qualidade da educação de infância, leva a que tantos educadores recorram à Internet como forma de melhoramento das suas práticas. Iniciamos  o computador, a Internet, e à distância de um clique pede-se ajuda para prendas, aconselhamentos de histórias, ou, simplesmente, para expor pontos de vista. É certo que a nossa profissão prevê partilha. É certo que a nossa profissão prevê pesquisa. É certo que nos acomodamos de tal forma, que basta pedir ajuda em redes sociais levando a que nos tornemos imóveis, enquanto, de forma ansiosa, aguardam respostas às questões colocadas. Chovem e-mails na resposta, todos eles com um único objetivo, partilhar a informação pedida. Curioso, tantos elementos de grupos ausentes de qualquer participação, eenum abrir e fechar de olhos  tornam elementos ativos instantâneos, apenas para receber mais uma canção, história ou informação pedida. Com receitas prontas a aplicar, utilizam-se as mais e variadas sugestões, estraté