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A mostrar mensagens de outubro, 2025

Os Sinais do Tempo, agressividade nas crianças.

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Os Sinais do Tempo, agressividade nas crianças. Há dias em que paro e observo as relações, na sala, no exterior, espaços onde tudo acontece, riem, choram, disputam e abraçam. As crianças parecem carregar às costas um peso que não é delas. Um peso que lhes é exterior, que vem dos adultos, que vem do tempo em que vivemos, ou arriscaria a dizer, sobrevivemos. Vivemos tempos apressados, tempos que pedem resultados rápidos, comportamentos “certos”, emoções controladas. E, as crianças, robots humanos, vão tentando encontrar uma forma de agir num mundo que lhes mostra comportamentos confusos. Querem ser vistas. Mas, o medo de não caber na normalidade que lhes é exigida, é maior do que o desejo de simplesmente SER. Há dias em que existem empurrões, e vemos apenas essa ação, o empurrão. Mas, se tivermos a capacidade de olhar além disso, vemos que o gesto é uma palavra que ainda não sabe ser verbalizada, uma emoção que ainda não aprendeu a lidar e a torná-la diálogo. A agressividade é a língua d...

O tempo roubado ao brincar

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O tempo roubado ao brincar Vivemos numa sociedade apressada. Uma sociedade que mede o valor do tempo pelo que se produz, e não pelo que se vive. O andar depressa tornou-se uma virtude e o “não ter tempo” um símbolo de importância, de uma agenda ocupada. Neste atropelo diário e nesta corrida desenfreada por querer fazer, há um tempo que se perde sem que muitos deem por isso, o tempo de brincar. O brincar, essa ação simples, ancestral, linguagem de infância, espaço de descoberta, ensaio de vida, está a desaparecer dos dias das crianças. É substituído por agendas preenchidas, atividades estruturadas, ecrãs e pressas silenciosas. O brincar, aquele que nasce do nada, que cresce da imaginação, que se inventa a partir do nada, tornou-se quase raro, exagerando, um luxo. Há quem diga que brincar é perder tempo. Mas, é precisamente no brincar que a criança o encontra: o tempo que se alonga, e quase não termina, que se enche de mundos imaginários e invisíveis aos olhos dos outros. No brincar, o t...

O Legado dos que ensinam

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Há profissões que não terminam ao final do dia. Há profissões que se medem em horas, relatórios e resultados. E há outras que se medem em marcas, aquelas que ficam gravadas no olhar, nas palavras e nas memórias de quem um dia aprendeu connosco. Ser professor é isso mesmo, deixar marcas invisíveis, que perduram. É plantar sementes sem garantias de colheita, mas com a certeza de que, em algum tempo e em algum lugar, algo florescerá. Os professores não trabalham apenas com conteúdos, trabalham com pessoas, com sonhos e o futuro. São construtores de caminhos, tecidos na curiosidade, e incentivadores de interesses e de esperança. Todos os dias abrem janelas para o mundo e ensinam a ver o que ainda não se vê. Mas também se deixam ensinar e envolvem-se na relação da aprendizagem. Há em cada professor um pedaço de futuro, que um dia se torna eterno. Cada gesto, por mais simples que pareça, pode transformar uma vida. Uma palavra de coragem, um olhar de confiança, uma escuta verdadeira… São pequ...

Escutar não chega: As crianças têm o direito de participar

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Escutar não chega: As crianças têm o direito de participar Todos os dias, nos jardins de infância e nas creches, por todo o país, as crianças entram com a promessa do respeito pela sua liberdade, descoberta e muita brincadeira. Mas ao atravessarem esses portões, nem sempre encontram um espaço onde a sua voz é, verdadeiramente, ouvida. Ou, pior, é-lhes pedido que escutem, mas que não falem, que participem, mas apenas naquilo que convém. A Recomendação n.º 2/2021 do Conselho Nacional de Educação lança um alerta: as crianças têm o direito à participação desde os primeiros anos de vida. Não se trata de um favor, ou, até, de uma moda pedagógica é um princípio ético, pedagógico e democrático. A participação surge como um direito consagrado na Convenção dos Direitos da Criança e a Educação de Infância é a primeira etapa onde esse direito pode, e deve, ser exercido. Participar é mais do que dar a opinião Quando falamos em participação da criança, não estamos, apenas, a dizer que as crianças po...