O Legado dos que ensinam

Há profissões que não terminam ao final do dia.

Há profissões que se medem em horas, relatórios e resultados.

E há outras que se medem em marcas, aquelas que ficam gravadas no olhar, nas palavras e nas memórias de quem um dia aprendeu connosco.

Ser professor é isso mesmo, deixar marcas invisíveis, que perduram.

É plantar sementes sem garantias de colheita, mas com a certeza de que, em algum tempo e em algum lugar, algo florescerá.

Os professores não trabalham apenas com conteúdos, trabalham com pessoas, com sonhos e o futuro.

São construtores de caminhos, tecidos na curiosidade, e incentivadores de interesses e de esperança.

Todos os dias abrem janelas para o mundo e ensinam a ver o que ainda não se vê. Mas também se deixam ensinar e envolvem-se na relação da aprendizagem.

Há em cada professor um pedaço de futuro, que um dia se torna eterno.

Cada gesto, por mais simples que pareça, pode transformar uma vida.

Uma palavra de coragem, um olhar de confiança, uma escuta verdadeira…

São pequenos gestos que ecoam durante anos, e que, muitas vezes, só mais tarde se reconhecem como o início de um novo rumo.

Educar é um ato de coragem, porque é continuar a acreditar mesmo quando o mundo parece desvalorizar o essencial. É persistir na relação, mesmo quando o tempo pede pressa. É resistir à desmotivação, porque se acredita que cada criança merece um amanhã melhor.

Os que ensinam não se limitam a transmitir saber, deixam heranças. Deixam o gosto pela descoberta, a curiosidade pelo mundo, a força de recomeçar depois da queda. Deixam a coragem de ser diferente, a vontade de fazer o bem, o valor do respeito e da empatia. Promovem o pensamento crítico e o empenho pela formação de cidadãos conscientes e participativos.

Um dia, cada aluno, cada criança, seguirá o seu caminho.

Talvez se esqueçam das datas, das fórmulas, da gramática e de alguns conteúdos.

Mas nunca se esquecerão de quem lhes deu a mão quando duvidaram, de quem acreditou quando todos os outros hesitaram, de quem os fez sentir que eram capazes.

Esse é o verdadeiro legado de quem ensina: não o que se escreve nos cadernos, mas o que se grava na memória e, de uma forma mais emocional, no coração.

E é por isso que, quando o tempo passar e a memória fizer o seu trabalho, continuarão a existir professores, não nas salas de aula, mas dentro de cada adulto que ajudou a crescer.

Há profissões que acabam ao final do dia, e há outras, como esta, que continuam em cada vida que tocam.

Rui Inácio 



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