O importante não são os dossiers (...) cheios de atividades, mas os filhos cheios de experiências

Quantas mudanças estamos dispostos a fazer nas nossas vidas profissionais para sermos realmente felizes no que fazemos?

Quantas mudanças conseguiremos
fazer para tornar o dia de quem temos a nosso cargo, num dia feliz e com sentido?

Que mudanças estarão inerentes às nossas práticas que valorizem o sentido do brincar e o sentido de ser criança?

Que mudanças precisamos de ter para sermos educadores que, como dizemos: ouvimos as crianças?

Será que ouvimos mesmo?

Os educadores tornam-se seres que vivem e agem de acordo com perspetivas, de acordo com ideologias, pedagogias, ideias e ideais...

Vivemos segundo: o diz que disse, de acordo com não procurar a fundo as razões pelas quais agimos.

Estabelecemos metas que nem sempre refletem as crianças que temos a nosso cargo. Estabelecemos planos que não visam a realidade, e, ao invés de planificarmos de forma consciente, planeamos de modo um modo cómodo e pouco coerente.

Falemos em mudança e na nossa capacidade de olharmos para a mudança.

O comodismo a que nos vamos habituando, molda as nossas práticas ano após ano.

O comodismo faz-nos ignorar leis, orientações e o simples querer saber mais, o simples lado da investigação que também nos caracteriza. Porque nem todos estão dispostos a mudar, a adaptar.

Quão difícil é criar mudanças?

Mudanças internas, mudanças externas, mudanças importantes para nós. Mas, mais do que importante para nós, são mudanças importantes, e fundamentais para elas, para as crianças.

Que predisposição temos para mudar, quando estamos na nossa zona de conforto e não queremos ir mais além, não nos desafiamos a ser, nem a sentir, mas acima de tudo, não nos desafiamos a adequar?

Consideramo-nos atentos, a eles, a nós, mas resistimos em tornarmo-nos agentes de mudança, porque o colega da sala ao lado, faz da forma que o faz, e se tal acontece, poderá funcionar comigo, poderá funcionar com o meu grupo.

Que agentes de mudanças somos, quando a nossa principal defesa são os direitos dos educadores, por melhores salários, por menos burocracias, ... Mas... E a mudança fundamental? Mudarmos, diariamente, ou lutarmos diariamente para defender os direitos de quem temos connosco?

Que capacidade de reflexão é esta que nos carateriza, que não nos permite questionar o que faço e porque faço, porque simplesmente nos acomodamos? Ou porque simplesmente, nos limitamos a estar, sem nos querermos envolver ou em lutar por práticas de sentido e ousadas

Que mudança é esta, que anunciamos de forma tão vincada, que somos educadores e fazemos a diferença, quando no fundo, nos tornamos meros repetidores de páginas, de mentalidades, de livros de expressões plástica, como se fosse isso o ponto fulcral da nossa profissão.

A mudança somos nós e, valorizamos o que fazemos, sabendo justificar cada móvel no lugar, cada projeto desenvolvido, cada atitude tida com o grupo, porque como dizia, sabemos justificar.

E que ao justificar, saibamos faze-lo com as nossas palavras, a nossa reflexão, a nossa prática e, possamos acolher da melhor forma, todos os dias, quem recebemos de braços abertos.

Que sejamos elementos de mudança proporcionando relações de amizade, afeto, e saibamos criar nos mais pequenos relações, espírito critico, criatividade, imaginação, competências fundamentais para os ajudar a crescer.

Que sejamos ousados na forma como trabalhamos.

Que a mudança aconteça em cada um de nós, e mesmo que, se o colega da sala ao lado não se aventurar, possamos ir mudando a realidade que vai crescendo à volta da educação, uma realidade tantas vezes estereotipada e afastada da realidade das crianças.

E que, ao sermos elementos de mudança, saibamos envolver os pais e mostrar-lhes, e mostrar a nós próprios, que o mais importante não são os dossiers que levam para casa cheios de atividades, mas os filhos cheios de experiências, de valores e de oportunidades.

Sejamos lagartas que ousam submeter-se à metamorfose e, como as borboletas, ousemos sair do casulo!

#umacaixacheiadenada

Rui Inácio


Comentários

  1. Ainda ha muitos casulos por abrir para se tornarem borboletas e poderem voar mais alto. Mas continuo a acreditar que é possível fazer abrir mais casulos nem que seja preciso fazer algumas "coceginhas" nos pés...obrigada pela maravilhosa partilha e por nos ajudar a acreditar que ser borboleta é muito mais maravilhoso que viver num casulo sombrio, sem cor, sem ar e sem sonhos para viver!

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    1. Um grande desafio, seremos nós os agentes de mudança para encarar a educação de um modo sincero e interessante para os miúdos! Obrigado pelo seu comentário.

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  2. Num dia especialmente "penoso" no que diz respeito ao trabalho agradeço este texto...encaixou-"me" que nem uma luva! Obrigada! Fazer e Ser a mudança é difícil, dá muito trabalho e há dias/semanas em que os obstáculos não nos deixam ver o além. Mas o resultado, não o final mas sim aquele que vai acontecendo todos os dias se estivermos atentos, esse faz toda a diferença e justifica as constantes MUDANÇAS! Obrigada por este texto colega!

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    1. Olá, Muito obrigado pelo seu comentário. De facto, a mudança está em cada segundo que passa. Aproveitar cada momento, faz com que possamos justificar o nosso esforço em prol da mudança, tantas vezes dificultada por fatores externos!

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  3. Muito, muito bom! E está mudança, este querer saber mais, este por-nos em causa sempre, este querer fazer melhor é tão verdade importante para nós e é para as crianças

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  4. O meu comentário ficou anónimo, mas chamo-me Teresa Vozone

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    1. Obrigado Teresa pelo seu comentário, é realmente uma necessidade, uma adaptação a esta realidade!

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