Os desafios da educação de hoje
Fazer educação nos dias de hoje é, um caminho onde o essencial se perde, com as prioridades deslocadas e o tempo acelerado que não respeita o viver a infância de um modo tranquilo.
A educação de infância, que deveria ser um espaço de relação, de descoberta e de exploração, transformou-se numa panóplia de exigências que afastam educadores, famílias e instituições do que realmente importa, a criança.
Vivemos um tempo de exigência, em que as famílias, pressionadas pelas responsabilidade da vida adulta, querem e fazem o melhor para os seus filhos, mas são bombardeadas por discursos que os desviam do que é importante, com o que, socialmente, se considera urgente.
Nesta lista surgem as aprendizagens rápidas, desenvolvimento e aprendizagens antecipadas, competição e valorização excessiva de resultados, quando afinal, a infância é um tempo lento, de construção contínua, de significados e de viver os momentos.
As famílias procuram fazer o seu melhor, e fazem-no, mas também elas se perdem no meio de expectativas e de comparações, que nem sempre favorece a autenticidade da família, dos filhos e da infância.
No meio deste cenário, o papel do educador torna-se desafiante, um equilíbrio entre o ser profissional, que fundamenta a prática, e as pressões que moldam o quotidiano. A relação com as direções, câmaras municipais e outros órgãos de gestão afastam, frequentemente, o foco da pedagogia, levando a que a burocracia ganhe o tempo do educador, em relatórios, planos, grelhas, reuniões intermináveis, ... e é, deste modo, que se mede a qualidade daquilo que acontece na educação.
E, enquanto nos ocupamos de papéis, o tempo que deveria ser dedicado a observar, a escutar e a estar com as crianças passa, silenciosamente, no meio do fazer educação.
Este ponto é onde se revela o maior desafio, não nos perdermos das crianças, não permitir que as exigências que nos chegam sejam mais valorizadas do que o essencial.
Há, ainda, o plano das decisões políticas, decisões que deveriam ser pensadas para a infância, para a igualdade, para o acesso, para a qualidade das experiências educativas, mas seguem lógicas partidárias, do imediato ou economicistas. As medidas respondem a ciclos eleitorais e não a ciclos de desenvolvimento e de aprendizagens na infância, a realidades completamente paralelas que não representam em nada, a realidade que se vive.
Decide-se sobre a educação sem escutar educadores, professores e auxiliares, sem escutar as crianças e as famílias. E é assim que a política ganha espaço e abalroa o essencial.
É neste cenário que se questiona, como continuamos a educar sem perder o sentido?
A resposta é simples, o regresso ao foco da educação, a criança. Centrarmo-nos no brincar, na escuta, na relação e na crianca.
Apesar de todos os obstáculos, a infância continua a ser o lugar onde tudo começa, onde tudo pode ser transformado.

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