Ressuscitem (a educação) e vistam as novas vestes de mudança!

E, ressuscitou ao terceiro dia… Assim nos dizem ao longo dos tempos.

É Páscoa, e após tanta preparação, após uma caminhada longa pelas quintas, em que se foram realizando recolha de coelhos, galinhas, ovos e cenouras, eis que ressuscitamos. Estão livres…

Deixamos as vestes para trás, ou tentamos, pois, viajamos ao longo do tempo e vemos tudo igual, o estado da educação não muda. Posto isto, crucifiquemo-nos!

Sacrifiquemo-nos por este caminho que leva tantos fiéis a seguir o que dizemos, sem sequer ouvirmos o que cada um tem para dizer,

Carreguemos as cruzes que ao longo do tempo nos fizeram caminhar de estação em estação, sem sequer olhar para as necessidades de quem estava a nosso cargo.

Prostremo-nos e sintamos a páscoa como tempo de mudança, de ressurreição, em que, deixamos de olhar para a educação (de infância) como algo que pertence aos adultos, mas desafiemo-nos a olhar para a educação, como um mundo fabuloso, cheio de sonhos, desejos, interesses, possibilidades, oportunidades, não é um mundo cor de rosa… não é um mundo perfeito! Mas, crucifiquemo-nos, para que, ao fim de três dias, possamos ressuscitar.

Vistam as novas vestes reluzidas, vestes de motivação, de empenho, de capacidade de ouvir e de respeito. Aprendam a respeitar, não é apenas dizer que fazem atividades giras, em que andam contentes a colorir, a fazer prendas e prendinhas, (ai os diminutivos,..); respeitar a perspetiva das crianças, o interesse, as vontades, é saber orientá-los e não obrigá-los. Respeitar as crianças é reconhecer neles a capacidade de serem promotores das suas aprendizagens, permitir que sejam agentes ativos neste processo de aprendizagem, de conhecimento e de desenvolvimento.

Deixem crucificar as velhas crenças, entreguem as vossas cruzes e tornem-se seres de luz, iluminados pela mudança, pelo desejo de dar as respostas necessárias e não aquelas que vós mesmos quereis dar! Permitam que cresçam e sejam capazes de olhar para cada pergunta, dos mais pequenos, como a oportunidade ideal para captar a atenção, a motivação e o empenho.

Desafiem-se a ressuscitar, a viver uma vida nova à luz das crianças, à luz da nova educação, dos novos desafios.

Saiam do vosso túmulo, deixando nele as vestes que carregaram ao longo destes anos. Vistam-se, de novo, e sejam audazes, capazes de mostrar o verdadeiro sentido da educação (de infância). Sejam, no meio de todo este povo, seres interessados em espalhar a razão, a reflexão e a vontade de acolher a mudança.

Ressuscitem dentro de cada um e sigam as pegadas dos mais novos, aventurem-se ao som das gargalhadas, da boa disposição e dos seus interesses.

Dispam as vestes que não vos permitem ver. Sintam a necessidade de mudança e a necessidade de olhar para a educação de um modo humilde, em que, assumem um companheirismo, uma entrega e um caminho conjunto a seguir.

Crucifique-se a resistência, o medo de mudar, de sair da zona de conforto, as opiniões da sala do lado.

Crucifiquem as mentalidades que não creem na potencialidade das crianças, que não valorizam a educação como forma de mudar a sociedade, que não valorizam o conhecimento.

Crucifiquem a ignorância, o sentimento de indiferença, o egocentrismo profissional e o orgulho.

Ressuscitem, vivam e deixem viver.

Ressuscitem com as novas vestes, vestidos de luz, de vontade de mudança, de vontade de fazer mudança.

Ressuscitem para o respeito profissional, para a valorização de cada etapa escolar, para cada etapa de crescimento, para a partilha e cooperação.

Sejam, no seio do vosso povo, verdadeiros seres capazes de melhorar o dia-a-dia de todas as crianças. Sejam verdadeiros seres que provocam a reflexão e mais do que copiar, que façam os outros refletir acerca do que fazem.

Ressuscitem verdadeiramente e deixem brilhar dentro de cada um a nova veste de luz, veste de mudança, de audácia e de valorização das crianças, como estas merecem ser valorizadas.

Ressuscitem (a educação) e vistam as novas vestes de mudança!    

#umacaixacheiadenada

Rui

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