Os professores não são mártires, não são marionetas

A cada ano que passa veem-se as mesmas notícias de jornais que, ciclicamente, surgem com questões bastante pertinentes de reflexão para a infância e para a educação, de um modo geral. Nesses momentos as partilhas das notícias são constantes, os comentários de indignação não param, as discussões elevam-se e, bem lá no fundo, fazem alguém pensar no assunto, nem que seja por meros minutos.

A capacidade da sociedade para pensar vai muito além dos jornais, da TV, da Internet, ou, pelo menos, deveria ir.
Somos uma sociedade manipulada pelos meios de comunicação que tendem a valorizar opiniões, opiniões provocatórias que provocam reações.

O intuito? Apenas um: incomodar quem se dedica diariamente na sua profissão.

Não se pretende dizer que os professores são atacados de forma constante, e com isto, torná-los como uns mártires dos meios de comunicação. Muito pelo contrário, vem-se valorizar esta profissão pela forma como se tenta denegrir a imagem dos professores, vem-se mostrar o amor que é necessário ter à mesma e a força necessária para mostrar o contrário daquilo que estão sempre a afirmar!

Imaginem o que sentem os milhares de professores ao serem desafiados de forma constante, a terem de dar provas de que o ensino em Portugal ainda é de qualidade.

Imaginem o que é, diariamente, os professores terem de motivar alunos para o ensino, que acaba por estar afastado da realidade e os faz definir estratégias mirabolantes para lhes provocar o interesse, a motivação e a aprendizagem.
Isto é ser professor, mesmo que não surja nas notícias, nos jornais,…

Imaginem o que é, diariamente, além horários, as horas que "perdem" em reuniões e burocracias, em que os dias se prolongam das 8h às 20h, que os fazem sair cansados de um dia preenchido e muitas vezes, com reuniões que são completamente desnecessárias, mas que a obrigatoriedade os faz estar presentes.

Imaginem o que é, abdicar da família para poder dar resposta aos problemas de outras famílias, das famílias dos alunos. É um compromisso social.

Imaginem o que é, diariamente, lidar com acusações, agressões e faltas de respeito dos pais e, posteriormente, dos alunos, e ainda assim, terem de realizar o seu papel de forma coerente e consciente, tudo em prol da educação de qualidade, porque esta acontece na escola.

Imaginem o que é a ausência da valorização do papel do docente, em que de forma fácil e simples, se tende a substituir ou a ridicularizar as tentativas dos professores de chegar a todos os seus alunos.

Isto é ser professor, assumir as dificuldades diárias, enfrentá-las e encontrar motivação, gosto e paixão pela profissão que escolheram. É descobrir, sabe-se lá onde, a motivação para todos os dias percorrer Km´s e poder dar um pouco de si a alunos mal-educados e que desvalorizam o papel do professor.

Tanto haveria para dizer. Tanto haveria para mostrar, tanto há a sentir.

Esta é a educação que se vive, que se respira, mas apesar de não ser a perfeita, é a que é permitida ter, desenvolver. Se por um lado nos esforçamos para melhorar os dias de todos os alunos, também nos tiram essa possibilidade, através de tudo o enunciado, e, como dizia, os professores não são mártires, não são marionetas da sociedade, são professores, somente professores.

São seres transformadores, que pensam, que agem, que tentam mudar, que tentam, a todo o custo ensinar. São professores e, só por isso, o peso da palavra já diz tudo.
Merecem respeito. 



 

#umacaixacheiadenada

Rui


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