"prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias" do nosso ano letivo!

Enquanto eu estiver aqui, caminhamos lado a lado... Por caminhos de aventura e por caminhos que te desafiaste a caminhar. 

Hoje andavas sozinho, com as lágrimas a cair-te pelo rosto e sem saber o que fazer. As bolas não te convidaram a brincar, os triciclos estavam ocupados, as casinhas estavam de portas fechadas e não permitiam a entrada de mais ninguém... Fazias caminhadas em busca de algo para fazer, para brincar... E num gesto de pedido de ajuda, num gesto de clamor... Diriges-te a mim, e esforçadamente, levas-me a passear pelo parque. 

Caminhamos juntos... De mão dada... Lado a lado, como sempre o fizemos desde o início do ano. Apontas, chamas a atenção para algo que queres que eu  veja. Essa curiosidade continua no seu auge. 

Se agora já caminham sozinhos, não o faziam quando aqui chegaram... Confiança, dedicação, escuta, conhecimento, fomos desbravando o caminho que necessitavam para se irem desafiando a andar, a falar, a interagir, a criar esta relação vinculada  que temos hoje. 

Havia dias que pareciam não ter fim, em que o choro era constante, em que a vontade de correr para fora da sala, surgia a cada minuto que passava, em que a vontade de colocar os tampões nos ouvidos, eram uma necessidade. E que sempre que alguém se  deitava no chão a chorar, a tirar os  sapatos, a vontade que sentíamos, fazia-nos querer desligar o botão  das birras, e num passo de magia, gostávamos que logo passasse. Mas isto, foram apenas pensamentos que tive, não passaram de pensamentos, pensamentos que nunca foram concretizavesis. 

Somos educadores, e tal como dizem nos casamentos, "prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias" do nosso ano letivo! 

Acrescento, que mesmo quando não estão connosco, continuam guardadas as  memórias de crescimentos e lutas  conjuntas... Mesmo que já nos tenham esquecido, eu não vos esqueci. 

Caminhamos lado a lado, tivemos aventuras que vos fizeram crescer, que nos fazem crescer, pela simplicidade do sentimento, da experiência, da oportunidade e da aprendizagem. E neste casamento, que se pretende perfeito, é importante, que enquanto educadores, saibamos acolher e ser acolhidos, respeitar e sermos respeitados, para que possamos levar estes pequenos até ao "altar da educação", até ao "altar" das aprendizagens, dos conhecimentos, em que cada passo, do longo do corredor de cada "igreja", seja feito de forma segura e confortante, em que, existe a oportunidade de errar, de realizar os pequenos passos, por vezes inseguros, mas que, com a nossa presença, tornamo-los firmes... E se existe uma queda, que seja vista como uma aprendizagem, em que, mais importante do que cair, é mostrarmos a capacidade e a vontade de se levantarem, de aprenderem a erguer-se, para assim, continuarem a batalhar e a voar nas asas  do sonho. 

Caminhamos, mão na mão. E nós educadores, sensíveis a estes pequenos seres, construímos estruturas que possam ser ultrapassadas, adequadas a cada um, adequadas a cada criança que inicia o processo do crescimento... E se valorizamos o resultado, valorizamos mais a forma como vão alcançando os pequenos desafios. 

Chegados ao final do ano, verificamos que mais do que aprender, demos oportunidade de brincar, de brincar com os sentimentos, com as emoções, em que se tornaram seres sensíveis ao que se pretende num ser humano. E que, de agora em diante, poderão continuar a amar, a respeitar,  na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias das suas vidas... 

Porque eu ... educador... Enquanto estive aqui,  respeitei-vos e permiti que se fossem experimentando nestes valores...

#umacaixacheiadenada 

Rui