Ser afeto na Educação (de Infância)

A relação entre o adulto e as crianças desempenha um papel crucial na educação de infância. Este vínculo não é apenas um elemento facilitador, é um alicerce fundamental para o desenvolvimento saudável e integral das crianças.

Os educadores de infância e auxiliares de ação educativa desempenham um papel fulcral na construção dessa relação. A atitude que revelam vai para além da transmissão de conteúdos, segue rumo ao desafio em prol da confiança, envolve a criação de um ambiente seguro e afetivo, no qual as crianças se sentem capazes de explorar, aprender, transmitir, partilhar de um modo livre.

Falar da relação em educação (de infância) é reconhecer que esta só se constrói quando existe confiança mútua. Planear um ambiente desafiante, um cenário de oportunidades é promover a confiança nas crianças, elogiar e incentivar a partilha dos seus pensamentos, dúvidas, descobertas e principalmente, dos sentimentos. Essa confiança prepara as crianças para a aprendizagem, permite que se sintam valorizadas, compreendidas e escutadas. É respeitar o Ser.

A relação de que se fala recebe-os nos braços, afaga-lhes o cabelo, acaricia, acolhe. A resposta a esse comportamento é o sorriso no rosto e as palavras simples, gosto de ti, tive saudades tuas.

Esses sentimentos, essas manifestações valem e servem para nos mostrar que, a educação se faz de relação. E nós, também, gostamos, também sentimos falta. Leva-nos a pensar que, mesmo errando, mantemos a capacidade de criar relações, porque reconhecemos que erramos.

O diálogo torna-se uma ferramenta essencial nesta relação. Incentivados a ouvir atentamente as crianças, a escutar cada palavra, cada desabafo, ou a abraçar palavras silenciosas mas cheias de sentimento, vive-se o respeitar das suas opiniões, o encorajar da expressão livre das emoções. É um modo de estar que promove não apenas a comunicação, mas também a sensibilidade para o outro. Há espaço para o conhecimento real de cada um, é o início da construção do ser emocional e relacional.

O adulto na educação de infância desempenha o papel de modelo, como tal, as atitudes e comportamentos são observados de perto pelas crianças, são muitos os olhos que nos seguem diariamente. É imperativo cultivar valores, empatia, respeito e cooperação. Se dizem que é um jardim, cuidemos dele.

Esta relação, adulto-criança, vai muito além das salas, ou do espaço escolar. É potenciado e alargado quando vivido em parcerias, parcerias sérias e conscientes com as famílias. Em que existe o feedback constante do que se faz, do modo como estão, quer num contexto ou no outro. A educação de infância não termina quando as crianças saem da escola. Continuam o seu processo de construção, continuam a viver a infância. É desta forma que o foco continua a ser a criança, em que há, de facto, uma valorização da mesma em prol de um crescimento que se quer harmonioso e respeitado.

A relação adulto-criança é visível a qualquer momento, enquanto se brincar, quando choram, quando pedem ajuda para algo, quando se irritam, quando precisam do abraço para os confortar. Esta relação é baseada no encorajar, não desistir e ter a capacidade de lhes a oportunidade de se conhecerem a elas próprias. É uma conexão que molda o futuro de cada criança, que a torna num espelho do que viveu e do que transmite aos outros. Empenhar o tempo na relação é empenhar-se no futuro respeitador das crianças.

Mais do que se promover Ser o Melhor, deve-se incentivar a Ser Melhor.



#umacaixacheiadenada

Rui Inácio




Comentários

  1. Aguardei que a colega me contactasse de modo a que me pudesse esclarecer o que me acusa. Tendo em conta que até então não o fez eliminei o comentário. Mantendo a esperança de que me contacte,.

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