A covid revela o melhor e o pior do ser humano.

Estes dias têm sido de loucura.

Andamos ao sabor de uma pandemia, ao sabor do que vemos e ouvimos através dos media.

Tornamo-nos uma verdadeira debandada que anda de lá para cá e de cá para lá, movida pelo medo e pela incerteza. Tornamos o Cuquedo no verdadeiro monstro e espelhamos nele os nossos maiores receios!

Mas, neste tempo de isolamento social, de quarentena, há muito a aprender, há muito a refletir e há muitos exemplos a dar aos mais pequenos.

Até estes dias, incentivava as brincadeiras ao ar livre, como forma de aprendizagem, como forma de relação, de crescimento, de aventura, de risco. No entanto, agora, o incentivo é contrário. Mantenham-se em casa e mostrem aos mais pequenos uma forma de estar, diferente daquela que sempre tivemos.

Ensinem-lhes a respeitar o outro, a viver a família, a viver a solidariedade, a viver o sentido de sociedade.

É verdade que os exemplos nem sempre são os melhores e que, em época de pandemia, ou de sobrevivência, mostramos o que há de pior no ser humano, em que o egoísmo se torna evidente, em que o umbigo ganha um sentido pouco ético e pouco social, em que nos tornamos seres que vivem para si e nada mais.

Felizmente, as boas práticas vivem-se e partilham-se e esses são os exemplos que podemos mostrar aos mais pequenos. Este tempo é, no fundo, uma verdadeira aula de educação para a Cidadania, é uma aula real e com exemplos práticos, é uma aprendizagem que, apesar de assustadora, é para a vida.

Semelhante aos textos publicados, as aprendizagens são fulcrais, as experiências um crescimento e o conhecimento adquirido através destas vivências, tornam os mais pequenos nuns seres humanos mais generosos, sociáveis e preocupados com o outro.

Este cenário que vivemos eleva-nos de tal forma, que relembramos o que é estar em família, reaviva-nos a memória para os que gostamos, para aqueles que estão a lutar, diariamente, em prol de uma humanidade sã, cuidada e que vive do empenho e da motivação por ultrapassar o que se vive.

É uma lição, é uma aula de vida, é uma aula que promove o crescimento comum e longe das fichas, das escolas, esta aula decorre de forma prática, onde os gestos e as atitudes têm de ser sinceros e claros, têm de ser tranquilos para que o pânico não ande pelas ruas. É o exemplo que queremos e os faz ver aquilo que dizemos diariamente,  

Já pensaram quão importante se pode tornar esta experiência na vida de cada um? Na vida dos mais pequenos, e/ou na vida das famílias?

Os valores que podemos passar através desta experiência, inesperada, tornam-se tão claros. Por muitos exemplos que possam ser dados, por muitas experiências que possam ser aconselhadas, os que marcarão cada um, cada família, será, certamente, o laço de amor que fortalecerá a vida diária de cada um, dar-mo-nos sem medida, partilhar o nosso tempo, demonstrar a nossa preocupação, sermos ativos e capazes de ouvir, sermos conscientes da necessidade de nos termos e crescermos juntos e de sermos parceiros neste tempo.

E se repararmos, estes comportamentos são aqueles que nos desafiamos a ter na educação: sermos conscientes do que fazemos, porque fazemos. Sermos conscientes de que valorizamos cada um, com o objetivo do bem-estar individual, do grupo e da comunidade. Valorizamos as conquistas através da tentativa erro, incentivando a nunca desistir, a levar ao crescimento, à aquisição de aprendizagens, a valorizar a nossa capacidade de chegar, do caminho percorrido.

O vírus, que por aí anda, consome-nos e leva-nos a duvidar de tudo e todos. Leva-nos a caminhar por caminhos inseguros e instáveis, leva-nos a duvidar de nós, das pedras que pisamos, do caminho que seguimos e do sítio onde queremos chegar.  

É uma lição, é uma aula real, é estudar uma matéria desconhecida e esquecida.
Vivemos de forma isolada, nas casas de cada um, será que não foi sempre isto que fizemos ao longo do tempo?

Apesar de termos isto, a que chamavam liberdade, será que eramos realmente livres? Possivelmente, sempre estivemos fechados e sem a capacidade de olhar para os colegas da sala ao lado, sem a capacidade de reconhecer nas crianças as potencialidades devidas, sem a capacidade de olhar para a família que está ao nosso lado, sem a capacidade de permitir um crescimento comum, um cuidar e respeitar do outro.

Possivelmente, agora sim, estaremos a alcançar a verdadeira liberdade, a verdadeira essência do ser humano, aquele que se preocupa, que valoriza o outro, que valoriza quem se dá para o bem-estar do outro, que vive a partilha, a cooperação, a união, a fé e a força.

Resumindo, será um momento de reflexão para qualquer profissão, para qualquer ser. Estamos todos a crescer, estamos todos a aprender, estamos todos a ser humanos.

Retiraram-nos o chão que conhecemos e isso faz-nos tremer.
Retiraram-nos a confiança e isso faz-nos abalar.
Retiraram-nos os exemplos e isso faz-nos perdidos.
Mostraram-nos o medo e isso torna-nos seres receosos do que possa estar para vir.

A união, a força, a capacidade de cuidar de cada um e dos outros, a aprendizagem, a cooperação, a partilha, a noção de sociedade, a sensibilidade, a capacidade de ouvir os outros, é a lição, é a comparação com a educação.

Apesar de estarmos fechados, estamos mais abertos do que nunca à verdadeira essência do ser humano.

Como dizia, e muito bem, o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho, “estamos todos no mesmo barco, só não sabemos para onde vamos”.

Por isso, que cada um reme na direção certa, que seja influente e um ser capaz de acreditar nos outros e no que se tem feito, que valorize os médicos, os enfermeiros, os lojistas, os camionistas e todos aqueles que não podem estar onde queriam, junto das suas famílias.

Aos que estão em casa, com os filhos, tornem esses momentos inesquecíveis. Vivam a alegria, a família, o amor, a partilha e tudo o que fora dito. Cresçam e vivam este momento como uma aprendizagem, como uma mudança e uma capacidade de adaptação. Vivam este momento, como uma excelente forma de educar, de aprender, de crescer. Vivam-no longe do medo, vivam-no próximo da fé, da esperança e da educação.

Vivam-no, remem, porque o barco leva-nos a todos e vamos juntos.

Vamos todos ficar bem

#umacaixacheiadenada

Rui

Imagem do Livro "O Cuquedo", Ilustrador Paulo Galindro 

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