Eu também estou para ti...


Quando me sentei na almofada, estava só a precisar de um minuto para mim. 

No entanto, nesta profissão, nesta sala, o tempo que é nosso, não existe. 

Existe o tempo deles e para eles. 
O tempo que planeio para que eles se sintam bem, o tempo que segue aqueles pequenos que estão a meu cargo, o tempo que reflete as necessidades dos miúdos e não as minhas vontades. 

Como dizia, sentei-me, na ânsia de ter meio minuto parado. 

Um deles olha para mim e chama-me. 

Aproxima-se, abraça-me. 
Olha para mim à espera de uma reação. 

Os seus lábios juntam-se e encaminham-se para a minha bochecha. 
Dá-me um beijo, logo seguido de um abraço. 

E, como se não bastasse, encosta a bochecha na minha cara e diz apenas: Rui. 

Os braços começam a apertar mais. 

É notório o que me quer transmitir, "Assim como tu estás para mim, Rui, eu também estou para ti". 

Carinhosamente, acaricia-me a cara e volta à sua brincadeira. 

Foi apenas, e só mais um momento nosso, sem interferências, sem planificação do momento exato, mas do mais simples e puro possível. 

Se estás para mim, eu também estou para ti.

#umacaixacheiadenada

Rui 

Comentários

  1. Olá Rui
    Também me aconteceu algo parecido, num momento à tarde na casa de banho. Sentei-me no chão, junto deles (até aqui nada de novo). Devia estar com uma cara... um deles, com 2 anos aproximou-se e disse: "hoje estás cansada!" E deu-me uma festinha e um beijinho. Os meus olhos fecharam... saborei o momento e quando voltei a abrir os olhos já 3 crianças se tinham levantado para me abraçar e beijar.
    Quero com isto dizer, que sim a nossa profissão exige muito de nós mas é tão gratificante quando crianças tão pequenas têm gestos tão puros, tão atentos e cheios de amor. "Se estás para mim, eu também estou para ti." Estamos, sem dúvida, a fazer um bom trabalho :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Madalena, obrigado pelo seu comentário e partilha! Acabou de contribuir com um pouco de saber, prática, conhecimento, partilha para esta caixa! Obrigado por isso! Habiuamo-nos a dizer que estamos de forma completa para os mais pequenos, mas o que é certo, é que ao demosntrarmos a preocupação por eles, vão-se apropriando desse comportamento, e eles próprios também estão disponíveis para nós. E desta forma, caminhamos lado a lado, enquanto aprendizes, enquanto companheiros de caminhadas! Obrigado mais uma vez!

      Eliminar
    2. O ano passado estava com um grupo de 1 ano e estive vários meses com uma ciática. Eles, ainda com muito pouco vocabulário, diziam: " tem dói dói na péna?" " Éta?" E devagarinho faziam festinhas e sentavam se apenas na outra ❤

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Assistentes operacionais, mais do que um termo, uma profissão.

Grupos de WhatsApp de pais, um obstáculo ou uma potencialidade?

"as minhas paredes estão cheias de nada (...) isso é sinal de que não trabalho"